Às vezes é preciso se perder para se encontrar



Um novo ano e, consequentemente, um novo se ciclo se iniciaram e as reflexões do final do ano passado acabaram se estendendo até agora. Algumas coisas, principalmente os erros, tendem a se repetir na minha mente como um filme em looping, por vezes me maltratando.

Todo mundo diz que devemos aprender com os erros, mas ninguém conta como é difícil fazer isso. Em alguns momentos, me pego pensando nos acontecimentos e fazendo uma autocrítica um pouco pesada demais. Ninguém é mais cruel comigo do que eu mesma, é o que costumo dizer. Fico refletindo e, às vezes, me torturando com "por que fiz isso?". A verdade é que nunca chego a uma resposta e não adianta muito, sabe? É como diz aquele velho ditado, "não adianta chorar pelo leite derramado".

Uma coisa que notei em mim é que o meu perfeccionismo é tão cruel que eu não me permito errar. Quando erro, é como se fosse o fim do mundo. Me sinto verdadeiramente triste e desnorteada. Por vezes, me sinto uma grande ridícula por agir dessa forma, mas não venho conseguindo controlar. Sinto que tive uma grande recaída, na verdade. Eu costumava ser mais calma, mais observadora, mais quieta. Não sei o que andou acontecendo para que eu mudasse tanto, é como se eu tivesse realmente me desviado da rota original, tentando pegar um atalho que me levou a um beco do qual não consigo sair.

Mas agora, não é mais hora de choramingar pelo meu suposto pecado (na minha cabeça, é nessa proporção) de errar. Passado o reconhecimento das falhas, as reflexões e a necessidade de mudança chegam com força. Sinto em todas as partes do meu ser que preciso agir de forma diferente, preciso levar as coisas com mais tranquilidade e de uma forma menos tóxica para mim mesma. Minha extrema autocobrança me levou ao limite no passado e não tenho estruturas para repetir isso. Não posso me permitir ser tão dura comigo mesma, porque acaba sendo exaustivo tentar se agradar e nunca conseguir, porque está mais preocupada em agradar os outros. Tenho muito isso, sabe? Só fico feliz se os outros ao meu redor estiverem felizes comigo.

E, na boa, estou tão cansada disso.

No final das contas, a única que permanece "ao meu lado" o tempo todo sou eu mesma e preciso ser mais gentil nos meus momentos. Ando me sentindo culpada e receosa por algumas decisões que tomei, mas preciso deixar o medo de lado e confiar em mim. Confiar que vou me entregar, que conseguirei.

Paciência não é muito o meu forte, especialmente comigo mesma. Quero tudo instantaneamente, não sei respeitar meu ritmo e meu tempo e, com isso, acabou ficando mal.
É difícil quando seu maior problema é você mesmo.

Mas sei que tudo é um processo, sei que as vitórias e recaídas fazem parte e sei que preciso urgentemente me dar uma chance e arriscar novas possibilidades. Preciso ir em frente, mesmo com medo. É como dizem, ter medo é normal, mas não podemos deixá-lo nos impedir de progredir. Sei que no primeiro momento estarei mentindo para mim mesma ao dizer que está tudo bem, pelo pessimismo ser algo muito forte em mim, mas devo tentar, pelo meu bem, pela minha saúde e, sobretudo, pela minha felicidade.

Apesar de sofrer com um perfeccionismo quase tóxico, eu não conseguiria chegar a essas reflexões sem ter cometido os erros que cometi. Sou daquele tipo de pessoa que não adianta você falar, eu preciso passar pelas coisas para entender - e, geralmente, me machuco MUITO nesse processo. Porém, fico feliz de pelo menos ter chegado a um entendimento sobre alguns aspectos meus que antes eu não sabia ou abertamente ignorava.

Ocasionalmente a vida dói, mas às vezes é preciso se perder para se encontrar. Eu caí diversas vezes, mas sei que vou me levantar o dobro delas.