Pensamentos da Quarentena: Altos e Baixos


Dizer que as coisas não estão fáceis é como dizer que o céu é azul. Isso está mais do que evidente. A questão toda é que a parte difícil é aceitar tudo o que está acontecendo e sei que não sou a única.

Há algum tempo, já não sei o que é sentir alívio. Uma avalanche de preocupações, medo, pânico toma conta da minha mente e eu mesma não sei como evitar. Às vezes, o desanimo é tão grande que o maior desafio do dia é levantar da cama. Ultimamente tem sido assim. Abro os olhos e perco um bom tempo deitada, olhando para o teto, tentando tomar coragem de levantar e viver um novo dia que mais parece uma repetição de todos os outros já vividos desde março.

Me sinto sufocada, presa em um ciclo vicioso, onde não dá para se ter ideia de quando sairei disso.

Antes eu estava com um pensamento fixo de aproveitar a quarentena para cuidar de mim e, por algum tempo, foi o que fiz. Só que não saber quando tudo isso vai (se é que vai) acabar me deixa em um estado permanente de angústia.

Já não acho que estou me distraindo, mas, sim, escapando da realidade. Quem pode me culpar? Está difícil encarar os fatos. Aguentá-la de cara limpa é muito difícil, em certos momentos. E, por muitas vezes, nem mesmo a distração funciona: o estresse se apossa de mim e logo desisto.

Como a vida mudou, sabe? Estou há quase oito meses confinada em casa, saindo apenas para o essencial (comida/remédios). Já não me lembro tanto do cheiro do mar, nem dos abraços dos meus amigos, nem da vibração que sentia quando ia a algum evento que gostava. Tudo isso só existe, no momento, na minha memória.

Enquanto isso, muita gente acha que está tudo normal. Ou que temos que procurar culpados para os nossos problemas. Nem um, nem outro. As coisas mudaram, vão mudar ainda mais (acredito) e não é culpa de ninguém. Não é uma guerra, não é uma revolução. É uma fatalidade.

Em um momento em que deveríamos estar unidos por um bem maior, no caso evitar mais casos e tragédias, não é o que se vê. Amor é um item em falta.

Meu único desejo é que a ciência descubra logo a vacina, para podermos voltar a sair e ver o mundo. Só. Não posso desejar que as coisas voltem ao normal, pois sei que aquele normal ficou no passado. Não voltaremos a ele. 

Sigamos em frente.