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Sempre me considerei uma pessoa muito medrosa. Tantos medos em tão pouco tempo: de mentiras, jogos, enganações. Aprendi a ser temerosa, principalmente pela vivência que tive.
Em vários campos da minha vida, o medo se fez presente. Porém, no que diz respeito ao amor, parecia mais intenso. Tantas pessoas passaram pela minha vida e fizeram estrago a ponto de que eu sentisse a necessidade de construir uma muralha ao meu redor, o que, inevitavelmente, fiz. Inconsciente, fui colocando cada tijolo, cimentando com minhas inseguranças. De alguma forma, isso me fazia sentir segura, protegida e, simultaneamente e mesmo que eu não soubesse exatamente/me importasse o suficiente, sozinha.
E é aí que está a questão: amar é um ato que requer coragem e como é difícil encontrar pessoas corajosas! É difícil ser valente. Não em tudo, mas não estou falando de qualquer coragem. Todos somos destemidos para fazer (ou negar) o que queremos. Entretanto, para entregar nosso coração a outra pessoa, quantos são?
Quantos têm coragem de fazer sacrifícios, concessões em prol do outro? Se entregar? Sentir, verdadeiramente?
Eu não fui valente, por muito tempo. Sempre em que decidia me aventurar nesse mar, acabava derrubada pelas ondas da desilusão. Por mais piegas que possa soar, o sentimento era exatamente esse: que o amor era um mar aberto e que eu acabaria naufragando, sempre que tentasse.
Se tem uma coisa boa sobre opiniões é que, com o passar do tempo, elas mudam. É até engraçado olhar para trás e ver o quanto mudei de ideia sobre tudo, principalmente sobre amar. Lembro-me de uma vez estar conversando com um amigo sobre como odiava estar apaixonada, o sofrimento era imenso. Ele me disse que esse era o porquê de gostar tanto: pois o fazia sentir-se vivo. Na época, eu desdenhei. "Prefiro estar viva sem sofrer, muito obrigada". Inocente.
O sofrimento é algo tão certeiro quanto a morte. Em nossa trajetória, mesmo que tenhamos motivos e intensidades diversas, ele, de fato, está lá. Quando, enfim, senti as coisas boas, compreendi a importância do sofrer: se não conhecesse o ruim, como saberia o que é agradável? Se não sentisse nada, como entenderia o que é bom?
Amor dói, te faz sangrar, derruba suas lágrimas e, de verdade, é por essas e outras que ele é bonito: justamente porque sentimos. A vida nem sempre é boa, porém não saberíamos que existem laranjas doces sem colher algumas azedas. Hoje, entendo perfeitamente porque o amor faz com que meu amigo se sinta vivo, pois me sinto da mesma forma. O que mais pode te dar a sensação de vida senão os sentimentos?
Em um mundo onde somos estimulados a todo instante a não nos envolvermos, não nos apegarmos, fazer o extremo oposto disso é um ato genuinamente corajoso. Apegue-se, envolva-se, sinta, assumindo a responsabilidade pelos próprios sentimentos, sempre.
Mesmo com altos e baixos, com amor a vida fica bem melhor!