Me conheço bem o suficiente para saber que sou do tipo de pessoa que fica eternamente remoendo acontecimentos do passado. Os menores acontecimentos acabam tendo um impacto em mim muito maior do que deveriam. Fico chateada por quase qualquer coisa que escuto, direta ou indiretamente, e com isso as cobranças para comigo mesma sempre dão as caras.
Meu relacionamento comigo mesma frequentemente era muito abusivo: nunca respeitei meus limites e vivia me culpando por tudo o que acontecia de errado, tentando me encaixar por constantemente pensar no que as pessoas poderiam estar falando de mim. Tudo isso sem perceber que esses comportamentos vinham me adoecendo mentalmente.
A maior luta que travo diariamente é para entender que não posso controlar opiniões alheias a meu respeito, seja no âmbito que for. Não consigo não me esforçar em tudo o que faço, então dou tudo de mim em qualquer ocasião. O que não posso mais é me culpar se o "tudo de mim" não for suficiente. Às vezes não é e está tudo bem. Tentei, me esforcei, fiz o que pude e cheguei ao meu limite, o qual preciso aprender urgentemente a respeitar.
Sempre associei o choro a uma fraqueza e eu mesma me "consolava", dizendo que tristeza não resolveria meus problemas. Não conseguia me permitir ter um momento sequer de fragilidade, o que é um comportamento extremamente cruel. Temos dias e dias e nem todos serão bons e terão momentos onde as lágrimas e virão e tudo bem também. Isso não me enfraquece; me faz recordar da minha humanidade.
Sei que alguns desses comportamentos tóxicos para comigo mesma estão sendo pouco a pouco abolidos, mas ainda há um longo caminho a percorrer no que diz respeito a ter mais compaixão de quem sou. Acredito que agora é o melhor momento para, enfim, me libertar de certas crenças que tenho acerca de mim e do mundo.
A busca incessante pela perfeição na qual me vejo desde o momento em que nasci ainda perdura, mas gradualmente vou conseguindo podar esse ímpeto e moldá-lo para a busca da minha melhor versão, muito mais saudável mentalmente e consciente de seus limites.