#10yearchallenge: Revisitando fantasmas


O ano é 2009. Estou no 9° ano do Ensino Fundamental, fazendo teatro, ouvindo música adolescente, assistindo Disney Channel, lendo sagas...

Lembro que tinha tudo para ser um ano maravilhoso, tinha potencial para isso, não fosse pelo que eu andava enfrentando na época.

Solidão
Existem vários tipos de solidão, pelo menos na minha cabeça. A solidão daqueles dias me levaram a pensar em coisas do tipo "por que ninguém gosta de mim?". Eu me sentia excluída em qualquer ambiente que estivesse e nem família, nem (os poucos) amigos que tinha me faziam sentir melhor.

Desamor próprio
Se existe amor-próprio, o oposto também deve existir. Existiu, na verdade, por muito tempo na minha vida. Tinha aprendido a me odiar, pois era o que pensava que o mundo achava de mim. "Feia", "estranha", "esquisita". Eu era basicamente um ponto fora da curva.

Vontade de sumir
Eu queria, de alguma forma, desaparecer. Sumir, não ser encontrada. Não importava como, só queria encontrar a tal da paz que não sentia.

Nunca entendi muito bem porque eu me deixei ficar tão vulnerável, mas acredito que isso não é algo que se possa controlar. Se eu pudesse escolher, jamais me importaria com as palavras e as atitudes negativas das pessoas, porém isso está muito, muito além do meu mero controle. Não há o que fazer, nunca houve.

Eu não era uma pessoa popular, muito menos amiga de todos. Na verdade, poderia contar meus amigos nos dedos. Hoje, não mantenho contato com a maioria.

Todavia, essa é a vida, não é? Cortamos relações, criamos outros laços, brigamos, rimos, choramos. Em 10 anos, aprendi algumas coisas:
1 - Ninguém é eterno nas nossas vidas;
2 - Não se pode forçar ninguém a permanecer/fazer parte das nossas vidas;
3 - São nos momentos difíceis que descobrimos o tamanho da nossa força;
4 - Eu me basto. Não preciso fingir ser alguém que não sou para agradar ninguém.
Visitar o passado ainda me causa desconforto, principalmente 2009. Tenho pouquíssimas fotos e menos ainda memórias. Ouvi dizer que a gente costuma bloquear na mente momentos muito traumáticos. Talvez seja uma explicação para eu não ter lembranças concretas desse ano.

Dez anos depois, penso de maneira diferente. Entendi (e continuo no processo) que sou incapaz de controlar tudo, inclusive os pensamentos alheios. Sempre tentei me adequar para que não pensassem coisas ruins ao meu respeito, mas hoje... Não importa, sabe?

As feridas do passado ainda ardem, não vou mentir, mas, com o tempo, vamos aprendendo a conviver com a dor e a ignorar o que nos machucou. A vida não para, então por qual motivo eu deveria?