Um olhar tão vazio...


(Sugestão: Ouça essa música aqui/aqui enquanto lê).

Agora que não resta mais nada para ser destruído, acredito que seja seguro dizer que, enfim, não tenho mais esperanças com relação a você. A sensação é que perdi tempo demais acreditando nas suas mentiras, em promessas vazias, caindo em jogos de manipulação, simplesmente para tentar manter vivo o que tínhamos, sendo que só agora percebi que tudo já está morto há tempos.

Quando se trata de nós dois, é curioso como tudo parece dar errado. Sempre me vi te colocando entre minhas prioridades, sempre pensando no melhor para nós. Hoje vejo que ainda bem que pensei em "nós" e não somente em você, pois eu esqueceria totalmente de mim, se fosse de outra forma.

Isso me deixa triste e zangada com a realidade. Sinto-me boba por um dia ter te amado. Mesmo que eu procure ao máximo distrair minha cabeça, penso em tudo o que vivemos e me sinto mais idiota ainda, porque você está por aí e sou certamente a última coisa em que pensará, se é que irá.

E, mesmo assim, não consigo te odiar. Não te desprezo, não consigo nem me sentir indiferente. O sentimento ainda existe e fico me questionando porque, depois de tudo o que aconteceu, não sinto nada de ruim por você. Talvez seja porque eu realmente te amei e agora me fere muito ter que amar o passado. Dói perceber que tudo, atualmente, é somente história e não mais fato.

De verdade, acho um desperdício ficar tanto tempo com uma pessoa, só para descobrir que ela é uma estranha¹Da última vez em que te vi, a cruel realidade bateu à minha porta: seus olhos, que antes pareciam me dizer tantas coisas, agora estavam mudos. Os olhos que eu tanto amava, que me pareciam tão cheios de vida, estavam gélidos, secos, vazios. Não havia emoção alguma.

Peço, por favor, que não me procure mais quando estiver se sentindo solitário, porque me ilude, me engana e, para mim, a libertação desse vício é quase impossível.

Vou juntando os cacos do que um dia fui, vivendo um dia de cada vez e tentando seguir e existir sem você. Machuca muito ter que te esquecer, entretanto, sei que é algo que preciso fazer. Por mim e pelo meu bem.


Nota:
¹ - Trecho do filme "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", de 2004.