Em alguns raros momentos me pego presa a recordações da nossa história de tempos atrás. Todos os sorrisos, lágrimas, segredos e juras de amor de um passado distante que parece ainda mais longínquo, considerando que tudo acabou, a vida seguiu e nunca mais nos falamos. Talvez tenha sido melhor assim, por mais que meu coração ainda balance com uma simples lembrança relacionada a você.
A curiosidade por vezes me corrói e em diversas ocasiões pensei em mandar uma mensagem, quebrar o gelo, saber como anda a sua vida. Sempre me forço a parar e respirar antes que de fato faça algo. Não sei se por medo ou para tentar me convencer que é hora de te esquecer definitivamente, o que coloquei como um objetivo que venho me empenhando em alcançar, mesmo duvidando de que um dia eu realmente consiga fazê-lo.
Quem é você agora? O que está fazendo? Com quem está nesse momento? Você continua aquela mesma pessoa ou mudou? Se mudou, o que foi? E a pergunta que mais martela no meu peito: você ainda se lembra de nós?
Luto constantemente contra essa vontade de voltar a te procurar, como se meu lado adulto e responsável vivesse repreendendo constantemente a adolescente rebelde e impulsiva que ainda habita em mim. É quase um tormento dificilmente me recordar de você e mesmo assim me ver querendo saber da sua vida.
Minha insensatez acaba sufocada pela maturidade e esses pensamentos se dissipam como fumaça. O momento é outro e quero acreditar que também estou diferente, de alguma forma, apesar do anseio de te procurar me atormentar de tempos em tempos.
Sei que se fechar os olhos e pensar muito, vou me recordar de tudo, entretanto acabo deixando você sumir de mim, sem mais nem menos. Sei que as lembranças virão e tornarão a partir, como um ciclo vicioso. Não me esforço para destruí-lo porque não posso afirmar que é um desejo sincero.
Na realidade, fico pensando se realmente amava você ou somente como me sentia quando estávamos juntos. Era uma sensação de liberdade e dependência em simultâneo, um paradoxo quase inexplicável.