Eu precisava de um tempo


Sempre quis estar em dois lugares simultaneamente, sabe? Estar presente em tudo, para tudo, para todos. Na minha vida, eu sempre estive disponível, disponível demais. Sempre estive disposta a ajudar, a ser a melhor companhia, melhor amiga possível, a encorajar quem quer que fosse.

Acabou que vi que, por mim, não é todo mundo que faria o que eu faço.

São nos momentos de adversidade que vemos quem realmente são as pessoas. Não é como se eu cobrasse uma presença, mas uma mísera mensagem, uma simples palavra amiga ajuda tanto.

Todavia, fiquei esperando por algo que nunca veio.

Sei que não deveria me incomodar, que devemos fazer o bem sem esperar retorno, mas, ao mesmo tempo, o pensamento me incomodou por um instante. Sabe, eu sempre estive disposta a ouvir, a ajudar, a dar o meu máximo pelos outros. Por mais que eu soubesse da possibilidade de isso acontecer, uma parte de mim não quis acreditar.

Então, resolvi que tiraria um tempo. Um tempo de tudo, de todos. Não me isolei em uma caverna na cordilheira do Himalaia, só priorizei mais alguém que eu andava negligenciando um pouco demais: eu mesma.

Lentamente, vou retomando os passos, mas, dessa vez, o calçado nos meus pés é diferente. O final do caminho, que ainda não sei qual é, pouco me importa. O principal é o trajeto e finalmente entendi que ele precisa ser confortável para mim.

Eu precisava de um tempo para pensar, colocar a cabeça no lugar, refletir sobre algumas mudanças que eu queria e quero fazer na minha vida. Óbvio que isso é um processo e que processos pessoais podem demorar a vida inteira, mas, sinceramente, não me importo. O valioso de tudo isso foi o aprendizado de que, se eu não me priorizar, quem fará isso por mim?

É hora de ser a prioridade da minha vida é agora e, francamente, mal posso esperar.