Observo o presente e, ao ver tanto desamor, indiferença, ódio, rancor, me pergunto quando comecei a enxergar esse tipo de coisa. Parece que a harmonia é uma palavra de um passado longínquo, que a união deixou de existir, que a paz é um objetivo inalcançável.
Sinto uma falta absurda dos tempos de criança. Dos tempos de simplicidade, alegria pelas pequenas coisas, preocupações definitivamente menores que as de hoje.
A infância, sem dúvidas, é a fase de mais pureza, de mais amor, mesmo que não seja fácil. A vida já se mostra difícil desde cedo, mas a ingenuidade infantil ajuda a reduzir os sofrimentos, ou, ao menos, mascará-los.
Às vezes fico olhando para o passado e lembrando dessa época de felicidade. As tristezas não eram como as de hoje - arrisco dizer serem muito menores. A vida não era fácil, nunca foi, porém, a ausência de preocupações a tornava mais leve.
Não que crescer seja viver imerso em dor e sofrimento, pois não é. O que quero dizer é que ser criança é, principalmente, simples. Brincar, imaginar, amar... Tudo sem medo, sem freios.
Folheando os álbuns antigos de fotografia, o sentimento de nostalgia invade o peito. Saudades de um tempo para o qual não posso voltar e, simultaneamente, alegria de ter vivido tantos momentos felizes.
Momentos felizes... Sei que viverei muitos outros. Que eu possa aproveitá-los como uma criança aproveita um sorvete: não se preocupando com o fim, mas, sim, curtindo o momento.
Que a sua criança interior viva para sempre!
Deve ter alamedas verdesA cidade dos meus amoresE quem dera os moradoresO prefeito e os varredoresE os pintores, e os vendedoresAs senhoras e os senhoresE os guardas, e os inspetores...Fossem somente crianças.- Chico Buarque.
Nota:
Título retirado da música O Que É? O Que É?, Gonzaguinha.